Nas escolas portuguesas, um em cada cinco alunos é vítima de uma intimidação constante por parte de colegas - que inclui agressões, insultos e exclusões de actividades de grupo.
Este fenómeno não é novo, desde que me conheço por gente o Bullying esteve presente na minha vida. Tenho 43 anos e passei uma parte da minha vida de infância num colégio interno do Brasil, neste colégio lembro-me que era a lei do mais forte que vigorava naquela instituição.
Nesta instituição, nós os pequeninos não tínhamos direitos a nada nem ao que era nosso. Cresci e passei por vários estabelecimentos de ensino, todos eles tinham o bullying em comum. O sistema era sempre o mesmo, atacavam, batiam, gozavam e roubavam os mais fracos, geralmente eram grupos organizados e compostos de 3 a 5 meninos, onde o cérebro era sempre os mais velhos.
Na minha altura, estes pequenos marginais pertenciam a famílias pobres e humildes com problemas sociais. Nas suas casas havia problemas de infidelidade, bebidas, separações, e as crianças passavam muito tempo sozinhas.
Nas escolas eles recrutavam outros, assim como se fossem um “gang”, esses integrantes do gang, eram perigosos para os meninos e meninas introvertidos e sós. Estas crianças eram roubadas e faziam pouco delas, depois eram obrigadas a jurarem silêncio sobre o pretexto de apanharem porrada todos os dias, se abrissem a boca aos pais.
Atacavam, roubavam e ameaçavam, e algumas das meninas de boas famílias acabavam muita das vezes namorando com o chefe do grupo, sobre a ameaça do mesmo.
A situação era bastante grave. Algumas das professoras eram ameaçadas, caso alguns dos elementos do “gang” recebesse alguma nota negativa ou faltas que os pudessem reprovar o ano.
Estes meninos e adolescentes, sabiam que estavam protegidos da prisão devido a serem menores e por isso aproveitavam e semeavam o medo.
Na escola que estudei, no 5º ano, haviam repetentes com 14 anos de idade, muitos destes eram maus alunos, usavam o tamanho e o mau aspecto para comandar os assaltos e espalhar o terror na instituição e se alguém denunciasse, estava metido numa carga de trabalhos, nunca mais teria paz na escola.
Durante o 5º ano, os amigos do alheio em questão, faziam e aconteciam na escola, até a directora tinha medo deles, durante aquele ano, só houve um professor de Matemática de nome “Cristiano” que fez frente a um desses rapazes. O professor deu faltas e chumbou o tão afamado José Augusto. Daí em diante. O carro do professor começou a aparecer riscado e com os pneus cortados.
Quando eu vim para Portugal em 1990, apercebi-me que aqui não era diferente, o meio e o país é que é menor.
A minha mulher também foi vítima o bullying, ela passou pela violência psicológica, mas não deixou que lhe batessem. Já passaram 30 anos, mas as marcas ficaram impressas na sua mente.
A história de Leandro, o menino que se atirou ao rio Tua aparentemente por estar cansado das agressões dos colegas da escola, colocou o bullying no centro das atenções.
As escolas têm dificuldade em lidar com este problema, muitas das vezes a vítima não denuncia e quando o faz, muitas das vezes os professores e directores fazem de conta que não se passou nada. Afinal é mais uma chatice para resolver e o Estado não paga essas horas extras.
As pessoas, que praticam o bullying não têm consciência do mal que estão fazendo, tanto para elas como para as vítimas. Os agressores são pessoas que não se sentem confiantes e precisam colocar outras pessoas em baixo, essa é uma forma de se sentirem melhor, de se alto afirmarem. Eles acham que são melhores do que os outros, mas com atitudes como essas, deveriam ser desprezados.
A questão de acabar com o bullying não é pessoal e sim social. Se você, ou alguém que você conhece sofre com esse problema, ajude, peça ajuda a alguém. No caso da escola fale com os responsáveis. Não deixe que isso continue.
Denuncie!
Leandro tinha 12 anos, frequentava a EB 2,3 Luciano Cordeiro em Mirandela. O alegado suicídio da criança chocou o país e gerou debates sobre a violência no interior dos portões da escola.
Leandro faz parte de uma história triste, história esta que faz parte do nosso dia-a-dia.
O Jornal de Notícias conta o episódio pela versão assustada do primo. Christian, tem 11 anos e nesse dia viu Leandro a ser espancado por dois colegas mais velhos no recreio da escola. Não era a primeira vez que isso acontecia. Há cerca de um ano tinha estado internado no Hospital de Mirandela, depois de ter sido pontapeado na cabeça por colegas da mesma escola. Leandro terá dito que estava cansado e atirou-se ao rio.
O Conselho Executivo da EB 2,3 Luciano Cordeiro remeteu-se ao silêncio. Elaborou um relatório interno que não foi totalmente conclusivo e a Inspecção-Geral de Educação está a recolher mais dados e a ouvir testemunhas para entender o que aconteceu. Os alegados agressores foram entretanto identificados e estão a ser acompanhados por um psicólogo da escola. A Direcção Regional de Educação do Norte abriu um inquérito para apurar o sucedido e quer ouvir mais gente para tentar refazer a história. O presidente da Associação de Pais garantia que Leandro não estava sinalizado e que não havia registo de episódios de bullying na escola. A família da criança desmentiu as afirmações, assegurando que já tinha ido à escola falar do assunto e que, até ao momento, nenhuma medida tinha sido tomada. A dor mantém-se.
Esta história faz parte da nossa realidade, demonstra problemas sociais e familiares graves e mostra que os nossos filhos não estão seguros nas instituições de ensino. Um dia quando tivermos todos os mesmos direitos e oportunidades iguais e uma melhor justiça social, poderá ser que histórias como a do pequeno Leandro não voltem a acontecer.
Este pequeno menino, deu fim ao seu sofrimento e abriu um rasgo doloroso no coração de seus pais. Para nós, abriu uma porta de esperança com o preço da sua vida, porta esta que pede justiça e obrigue as entidades competentes a resolverem e a impedirem que situações como esta voltem a acontecer.
“Leandro”. Onde quer que estejas, descanse em paz.
3 comentários:
o bullying é um ato de violencia e vcs tem que ajudar nisso!
Estes meninos e adolescentes, sabiam que estavam protegidos da prisão devido a serem menores e por isso aproveitavam e semeavam o medo.
Na escola que estudei, no 5º ano, haviam repetentes com 14 anos de idade, muitos destes eram maus alunos, usavam o tamanho e o mau aspecto para comandar os assaltos e espalhar o terror na instituição e se alguém denunciasse, estava metido numa carga de trabalhos, nunca mais teria paz na escola.
Nas escolas existem muitos alunos mal formados e a culpa disso tudo é dos pais e dos professores que não sabem educar e não têm a coragem de chamar a atenção dos filhos quando estes portam-se mal.
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